Fala meus queridos amigos da fotografia, hoje venho com uma proposta de mostrar o backstage de como fiz e o catálogo da Loja AMAKE. No próximo artigo dessa série vou falar de como foi feito as fotos em externa da campanha e como fiz para fazer a entrega de provas e a entrega dos arquivos finalizados.
Esse artigo segue a mesma pegada dos meus artigos anteriores: “Como cobrar por um trabalho fotográfico” e “Como montar um portfolio“. Seria legal que vocês dessem uma olhada nesses artigos também 😉
Então vamos lá!
1 – CONSEGUINDO O CLIENTE
Eu criei há pouco tempo o meu VLOG no Youtube com intuito de repassar o que aprendi nesses 7 anos de fotografia profissional e mostrar alguns dos “pulos do gato” que ensino nos meus Workshops de Iluminação e Tratamento de Imagem que ministro em escolas de fotografia e nas aulas de Iluminação Criativa que ministrei na Pós graduação em fotografia na UNIGRANRIO. Ainda falta colocar muitos vídeos lá no canal, mas já tem um vídeo explicando o VLOG e outro introduzindo a discussão “Não é a câmera e sim a luz“. Acabou que tive que deixar o VLOG em standby por conta da correria. Nesse tempo de correria fiz 2 campanhas publicitárias grandes, uma em Belo Horizonte e outra no Rio de Janeiro, tirei do papel uma palestra para dar na Universidade FUMEC (Belo Horizonte-MG) com o título “A arte de iluminar“ e voltei a ministrar os meus workshops de iluminação e tratamento em São Paulo.
O intuito do meu VLOG é de repassar informação e fomentar a discussão na fotográfica nacional, porque acredito que nós fotógrafos temos que nos ajudar e nos unir. E incrivelmente o VLOG me trouxe esse trabalho de Campanha e Catálogo para a loja AMAKE que vou mostrar ao longo desse artigo. É aquela historia “você ajuda os outros e o universo dá seu jeito de te ajudar” 😀
Existem 3 formas básicas de se conseguir trabalhos publicitários, a primeira é ter contato/parceria com alguma agência publicitária(aqui tem uma lista de agencias no Brasil todo), a segunda forma é oferecer seu trabalho como freelancer na internet e o cliente te achar e a terceira é algum cliente antigo te indicar. Eu dei sorte do cliente me achar pelo Youtube mas poderia ter sido por algum anúncio do Google AdWords, Facebook ads, Instagram etc. Indico fortemente que invista nessas divulgações e que tenha um portfólio online em forma de site com domínio próprio para demonstrar profissionalismo e autoridade.
Acontece que o dono da loja é um aficionado por fotografia e achou meus vídeos no Youtube quando procurava conteúdo sobre a arte de fotografar. Ele queria fazer as fotos da campanha e do catálogo da sua loja de roupas, mas não tinha o “know how” que um fotógrafo profissional possui. Entenda que é isso que o cliente quer de você, que o fotógrafo consiga resolver problemas que ele não conseguiria apenas comprando ou alugando uma câmera. E é isso que você tem que vender, tem que vender a solução para os problemas dos seus clientes e não qual equipamento você usa… Acorda minha gente!
Depois de ver meus vídeos e meu portfolio ele se identificou bastante com o que eu disse lá e com meu trabalho. Me mandou um e-mail para marcar uma reunião com ele em Belo Horizonte. Eu atualmente estou morando em Belo Horizonte junto com a minha esposa que facilitou bastante o encontro pessoalmente. Sempre quando necessário prefiro muito mais uma reunião ao vivo do que resolver tudo por e-mail.
2 – DEFININDO BRIEFING E ORÇAMENTO
Nessa primeira reunião definimos o briefing, ou seja, o conceito da campanha, a locação, a luz que usaria no estúdio para as fotos do catalogo, referências do cliente, referências minhas etc. Definimos nessa reunião também o preço do custo meu trabalho como fotógrafo e retoucher.
Não podemos esquecer também que por ser uma fotografia publicitária você tem que cobrar o custo de licenciamento para uso de imagem! Infelizmente a maioria das pessoas que começam a fazer fotos publicitárias acabam não cobrando esse custo ou por ignorância ou para tentar conquistar o cliente pelo valor baixo… Eu, na maioria das vezes, tenho que explicar para o meu cliente o que é o custo de licenciamento para uso de imagem, já que outros fotógrafos nunca cobraram isso dele. Lamentável!
Eu antes de entrar para a fotografia publicitária me afiliei a ABRAFOTO (A Associação Brasileira de Fotógrafos) que fornece para seus associados desconto em seguro, suporte a advogados, apostilas falando sobre a diferença de fotografia para pessoa física e pessoa jurídica, direito autoral etc. Dá uma olhada aqui no site deles onde tem alguns guias gratuitos > www.abrafoto.org/Guia_Abrafoto
Entenda o seguinte se o seu cliente vai usar a sua fotografia para promover a venda de um produto, ou seja, usar o seu trabalho para ganhar dinheiro com isso, você precisa receber um valor a mais do que se fosse apenas para uma pessoa fazer um álbum de casamento ou colocar as fotos no perfil do facebook. Seu trabalho vira o núcleo do anúncio dele. Esse valor que você deve receber é o custo de licenciamento para uso de imagem.
Para fazer o cálculo do valor de custo de licenciamento para uso de imagem você precisa antes perguntar ao seu cliente qual:
Com essas informações em mãos eu consigo facilmente ter uma noção do custo de licenciamento para uso de imagem usando essa calculadora online e gratuita:
O interessante de usar esse site como referência é que se o cliente perguntar de onde foi tirado esse valor você manda um “Print Screen” do site. Sempre funcionou para mim e dava mais autoridade ao orçamento que tinha enviado.
No caso desse cliente em questão (loja AMAKE), o custo de licença de uso de imagem foi para uso em redes sociais e para uso em um e-commerce.
3 – ASSINANDO O CONTRATO
Depois de definido o orçamento fiquei em contato por e-mail com o cliente e definimos quem iria fazer o que. Eu fiquei encarregado de indicar a maquiadora (Lis Peixoto que é uma querida e super acostumada a maquiar para Fashion Week, revistas etc) e a agência de modelos (Woll Agency). O Cliente quis ficar encarregado de fechar o valor com a maquiadora, cabeleireiro, stylist, agência de modelo e cuidar da alimentação/transporte da equipe. Não é sempre que temos esse facilitador, normalmente temos que coordenar tudo isso. Como gosto de focar mais no trabalho de fotografar em si sempre coloco em ação a produção executiva que vai cuidar dessa parte mais “burocrática” que o cliente, nesse caso específico, acabou fazendo.
Com tudo isso esquematizado volto para casa e fiz o contrato com todas as informações relevantes discutidas na primeira reunião. Fizemos mais uma reunião que foi para o cliente assinar o contrato. E essa parte é muito importante galera!
Lá no contrato que você vai colocar o dia da execução das fotos, local das fotos, horário, como vai ser a forma de pagamento (eu gosto de fazer 50% antes e 50% na entrega do trabalho), quantidade de fotos, onde as fotos vão ser usadas, qual período que o cliente vai usar as fotos, quando vai ser feito envio das provas para o cliente escolher, qual é o dia da entrega do trabalho final etc.
É aquela história “o combinado não sai caro” e isso serve tanto para resguardar o cliente como o fotógrafo. Cada parte fica com uma cópia assinada por ambos.
Vou deixar aqui um link para download de um contrato padrão de fotografia publicitária que uso com algumas modificações, mas que já serve para te dar um norte. CLIQUE AQUI PARA BAIXAR
4 – O DIA DE PRÉ-PRODUÇÃO
Eu gosto de sempre que vou fazer uma foto dessa complexidade ir na locação antes e estudar a luz do ambiente, testar a luz que vou usar no dia das fotos, possíveis enquadramentos e composições. Normalmente vou nas locações dois dias antes do dia das fotos para fazer exatamente esse trabalho de pré-produção.
Nessa etapa que você analisa possíveis problemas e determina planos alternativos para problemas que podem acontecer no dia.
No dia de pré-produção eu vou com um assistente, um bloco de anotações, uma caneta e minha câmera reserva com uma lente versátil (Ex: 5D mark II com uma 24-105mm) e faço cliques com ângulos abertos e com possíveis ângulos que vou usar nas fotografias. Uso o assistente para simular a modelo nesses cliques de teste. Engraçado que depois desse dia de pré-produção você vê seus assistentes mudando as fotos de perfil do facebook hahahaha. 😛
5 – O DIA DA PRODUÇÃO DO CATÁLOGO
Esse é o grande dia! Esse é o dia de maior pressão e de maior importância. Tudo que você fizer ou deixar de fazer vai definir se seu trabalho é bom ou ruim.
Eu fechei com o dono da loja AMAKE um dia para fazer o catálogo no estúdio dele e outro dia para fazer a campanha em externa. No estúdio usei uma luz clássica de catálogo para e-commerce como vocês podem ver na foto abaixo:
Eu levei meu flash de estúdio digital de 400w com um octobox de 150cm de diâmetro para usar de frente como luz principal. Usei 2 sombrinhas rebatedoras brancas minhas com os 2 flashs de 150w que eram do cliente para iluminar o fundo. Como luz de preenchimento usei um rebatedor prata de 180x120cm de tamanho. E no chão pedi para o cliente comprar uma fórmica que daria um reflexo fundindo a luz de fundo com o chão e protegendo o fundo branco que era de papel. Na foto acima tem um clique já com a luz que usei, veja abaixo um clique de making of feito pela maquiadora Lis Peixoto onde da para ver o chão com a fórmica:
Usei uma 5D mark II com uma lente Canon 85mm USM f/1.8 como vocês podem ver no vídeo acima. Outra coisa que fiz para agilizar produção das fotos do catálogo foi usar um cartão de memória com função wifi para enviar as fotos para o meu Ipad. Eu clicava e o cliente ficava com o Ipad na mão recebendo em tempo real as fotos. Podendo aprovar a foto e dar zoom na foto para poder ver se aparecia uma etiqueta ou se o caimento da roupa estava bom ou ruim. O stylist David Sousa, que é um querido e estava trabalhando na produção do catálogo, adorou essa ideia e conseguiu corrigir problemas que eu teria que corrigir no Photoshop. É importante ressaltar que algumas câmeras, como por exemplo a Canon 6D, tem essa função wifi na câmera. Mas na minha 5D não tinha e necessitava de um cartão com função wifi. Fiquem ligados no meu VLOG que em breve vou colocar um vídeo falando sobre isso.
Um vídeo publicado por Daniel Marins (@danielsmarins) em Mai 19, 2016 às 3:41 PDT
Esses cuidados que difere um fotógrafo profissional de um fotógrafo amador ou iniciante. No começo da minha carreira cometi muitos erros e aprendi com eles. O que quero aqui é te dar essas sacadas para que você não cometa os mesmos erros que cometi. O cliente sente esse cuidado do dia de pré-produção e o profissionalismo de aparecer a foto praticamente pronta em tempo real no Ipad.
Vejam abaixo o resultado das fotos e veja elas publicadas no site da AMAKE.
–
É muito bom ver seu trabalho publicado e sendo usado pelo seu cliente.
A equipe foi ótima!
Fotógrafo e retoucher: Daniel Marins
Modelo: Gabriela Brandão (Woll)
Maquiagem: Lis Peixoto
Cabelo: Jheff Coiffeur
Stylist: David Souza
Em breve posto o restante desse artigo onde vou falar como faço o processo de envio da prova para o cliente selecionar as fotos para o retoucher trabalhar e falar como foi a campanha em externa da AMAKE.
Abaixo vocês encontram os links para as minhas redes sociais:
RECEBA EM PRIMEIRA MÃO AS NOTÍCIAS POR E-MAIL
Até a próxima galera!
E aí meu nobre, blz?
Cara, muito legal o teu postado, mas infelizmente aqui no Piauí, se eu for colocar o custo do licenciamento da imagem, posso desistir da profissão. GOSTARIA muito de cobrar o valor que acho certo, vendo veiculação, quantidade de fotos, tipo de trabalho. Seria de grande importância que os clientes percebessem que deveríamos ser valorizados, assim como eles tem os valores dos produtos e serviços.
Já fiz muito trabalho grande, mas hoje tá quase impossível, mesmo tendo mais de 15 anos de fotografia, tenho que disputar muitas vezes com quem tá começando, tudo por questão de valores.
Desculpe aí pelo desabafo e continue dando dicas. Abraço.
Daniel,
Parabéns pela excelente matéria.
Tive o prazer de poder participar do seu workshop de iluminação, e aprendi bastante.
Um grande abraço.